segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
O lado escuro da Globo
Antes da Globo, havia um império das comunicações no Brasil que envolvia vários jornais, emissoras de rádio e uma estação de TV. Estamos falando dos Diários Associados, fundado pelo jornalista Assis Chateaubriand, ou Chatô, como muitos o conheciam. Naquela época, Chatô detinha o poder da informação, e este poder era suficiente para que ele elegesse candidatos, mudasse a lei para ter a guarda da filha, conseguisse favores dos empresários, assumisse cargos de embaixador ou antecipasse eleições para se tornar Senador. E se ele tinha um desafeto, seus veículos de comunicação metralhavam a índole deste desafeto, deturpando os fatos ou descaradamente inventando mentiras.
Chateaubriando morreu, e seu Império sobreviveu a ele, mas sem a grandeza de outrora. Quem acabou assumindo esta lacuna de poder foram as organizações Globo, do jornalista Roberto Marinho. Roberto Marinho dirigia o jornal carioca O Globo desde 1931,e tinha uma posição política favorável ao Regime Militar. Em 1965, durante o primeiro governo militar, surge a TV Globo, com sua primeira emissora inaugurada no Rio de Janeiro. Segue-se a ela as emissoras de São Paulo e Belo Horizonte, em 1966, a de Recife, em 1971, e a de Brasília, em 1972. Em 1969 a Globo estabelece um padrão que é usado até hoje: o sistema de redes nacionais. Antes disso, as emissoras de Tv eram regionais, cada uma com sua programação e responsável pela produção das mesmas. Com o advento deste modelo, as emissoras espalhadas pelo território nacional apenas repetiam o sinal da emissora central, com apenas algumas inserções locais. Se por um lado isso barateava a produção, por outro se criou uma hegemonia centrada no eixo Rio - São Paulo. Seu principal veículo de informação é o Jornal Nacional, que iniciou a era das redes nacionais. Mas seu nome não se deriva desta característica, e sim de que o jornal era inicialmente patrocinado pelo extinto Banco Nacional, a exemplo do Repórter Esso, que era patrocinado pela empresa petrolífera.
A história da Tv Globo começa, de fato, em 1962, quando Roberto Marinho firma um acordo com o grupo americano Time-Life, ideologicamente alinhado com a direita republicana. Este acordo resultou na liberação de milhões de dólares para a criação da nova TV. Como a Constituição proibia participação de capital estrangeiro em empresas de comunicação , foi instaurada uma CPI na Câmara. Mas o relatório desta foi solenemente ignorado pelo governo militar. O que tudo indicava é que o governo constituído queria um veículo que lhe fosse mais servil. Assis Chateaubriand apoiou o Golpe de 64, mas em seguida fez duras críticas a Castelo Branco, e chegou a festejar com Champanhe a morte do General em um acidente de avião. Assis sempre foi volúvel com os poderosos, portanto não muito confiável. Provavelmente por isso se desejou minar o poder dos Diários Associados.
Aos poucos, a TV Globo se firmou como líder de audiência, e outros concorrentes simplesmente sumiram ao logo dos anos. Excelsior e Tupi cerraram suas portas. Seria irresponsabilidade minha afirmar que a TV Globo não foi vítima da censura, mas ela foi quem mais trabalhou a favor do Status Quo. Nestes anos, a TV Globo foi instrumento de manipulação da opinião pública, seja para beneficiar anunciantes, seja para passar uma imagem positiva do governo.
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